sexta-feira, 11 de abril de 2008

Pontes


Pontes são mensões às lembranças,
que as águas carregam
no interminável caminhar.

Pontes são gracejos,
que dos rios formam as correntes
e dos mimos laceiam as amarras.

Se as margens conduzem as águas,
para a imensidão
é lá que estamos navegando
nas fortes vozes dos ventos
que uivam em folhas mansas,
planam na pele do meu rio.

Pontes ligam dois palmos de mundo díspares,
planta os pés na terra úmida
na espera que disperta o sangue,
disperso no balbuciar lento da canoa
atravessa a lua
indecifrável recanto morno.

Sem as noites manunscrita
as pontes contam estrelas
apontadas pelos profetas.

Sem a desilusão de fletar o infinito,
pois é no desespero
que meu coração encarcera-se
enquanto a alma embriaga
nas pontes encharcadas
de tuas palavras
gravadas no negro céu.

Pontes são emoções pujantes
que sem o devido disfarce
salta de nossas faces
e rubram quando necessitam dizer
o que a voz não fala
e a boca cala.

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